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Quando a Ansiedade Grita e o Corpo Fala: Como o Judô Me Ajudou a Lidar com a Crise e a Cobrança

Viver como uma pessoa autista de nível 2 de suporte é existir em um mundo que nem sempre respeita os nossos limites. E quando os estímulos, as expectativas e as pressões se acumulam… vem a crise. Não uma simples preocupação ou nervosismo, mas uma crise de ansiedade forte, daquelas que travam o corpo, embaralham os pensamentos e fazem o mundo parecer perigoso demais.

Neste artigo, compartilho como é essa experiência e como o judô tem sido uma ferramenta valiosa para lidar com a ansiedade e com a cobrança por performance que tantas pessoas autistas enfrentam diariamente.


A Crise de Ansiedade Não É Frescura — É Luta Interna

Para quem vê de fora, pode parecer exagero. Mas para mim, uma crise forte começa com o coração acelerando sem motivo aparente. A respiração falha. Meus sentidos ficam hiperativos: cada som, cada luz, cada toque parece agressivo. Às vezes, perco a capacidade de me comunicar, fico paralisado ou entro em colapso.

O mundo me exige respostas rápidas, controle emocional e socialização constante. Mas meu cérebro funciona de outro jeito. Quando a demanda externa ultrapassa minha capacidade interna de lidar, meu corpo grita por socorro. Essa é a crise. E ela não some com frases como “é só respirar fundo” ou “pense positivo”.


Como o Judô Me Ensinou a Cair e a Levantar

Conheci o judô em um momento de grande sobrecarga. A princípio, foi assustador: contato físico, regras, barulhos do dojo. Tudo desafiava meus limites sensoriais e sociais. Mas, ao mesmo tempo, o ambiente era estruturado, previsível, e isso fez diferença.

Com o tempo, percebi que o judô não era só um esporte. Era uma filosofia de vida. A repetição dos movimentos ajudava a regular meu corpo. A disciplina me dava segurança. E o mais importante: o tatame se tornou um espaço onde o erro não era punição, mas parte do processo. Aprendi que cair faz parte — e que levantar é possível, com calma e respeito ao meu tempo.

O conceito de “” (suavidade) me tocou profundamente. Em vez de lutar contra mim mesmo, comecei a entender como usar minha própria energia para redirecionar a crise, transformando tensão em movimento controlado.


A Cobrança Por Performance: O Peso Invisível

Se você é autista, provavelmente conhece a sensação de estar sempre sendo avaliado. Seja na escola, no trabalho, nas relações… parece que o mundo espera que a gente “prove” valor o tempo todo. E se a gente não consegue corresponder? Vem a culpa, o julgamento, a comparação.

Frases como “você é tão inteligente, por que não consegue fazer isso?” ou “você só precisa se esforçar mais” são comuns — e cruéis. A verdade é que não é falta de esforço. É uma forma diferente de existir. Meu desempenho oscila de acordo com fatores que muitas vezes não controlo: ruídos, luzes, energia social, rotinas quebradas.

Hoje, busco lidar com essa cobrança de outra forma. Aprendi a reconhecer meus limites e a comunicar quando preciso de pausas. Aprendi a valorizar pequenas vitórias — um dia tranquilo, um treino bem feito, uma conversa sem crise. E o mais importante: aprendi que meu valor não depende da minha performance, mas da minha presença.


Encontrando o Seu Tatame

Nem todo mundo vai se encontrar no judô, e tudo bem. Mas acredito que cada pessoa autista pode encontrar o seu “tatame” — um espaço onde corpo e mente possam respirar. Pode ser a arte, a escrita, a música, a jardinagem. O que importa é que seja um lugar seguro para ser quem se é, sem máscara e sem julgamento.

Se você também vive crises intensas e sente o peso de expectativas inalcançáveis, quero te dizer: você não está sozinho. Você não está quebrado. E você não precisa lutar contra si mesmo para existir no mundo.


Conclusão: Lutar Sem Agressão, Cair Sem Culpa

O judô me ensinou que cair não é fracasso. Que suavidade também é força. E que a verdadeira vitória é continuar, mesmo com medo, mesmo com dor, mesmo quando ninguém entende o que está acontecendo dentro de nós.

Ser autista é viver com intensidade. E isso, apesar dos desafios, também é uma forma poderosa de existir.

deygler veloso mascouto

37 anos, há três anos, me descobri autista nível 2 de suporte, junto com a chegada do nascimento do meu filho que tambem veio a ser autista. sou social mídia iniciante mais com muito foco, exigencia e ambição. Estou estudando Marketing digital a fim de me aprofundar cada dia mais.

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